Salário do professor se distancia muito das demais profissões ao
longo da carreira. M esmo que aos poucos, o Brasil vem conseguindo nos
últimos anos reduzir a distância que separa, em termos salariais, o
magistério das demais carreiras universitárias. Dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, mostram que, em 1995, um
profissional com nível superior recebia, em média, 95% a mais que um
professor que dava aula no ensino médio. A distância em relação aos que
atuavam no Ensino Fundamental era ainda maior: chegava a 157% se
comparados os rendimentos médios do professor nos anos iniciais em
comparação à média dos demais trabalhadores com diploma.
GRAÇAS em parte a políticas públicas como o Fundef (implementado em
1996 e depois ampliado para toda a educação básica em 2006) ou ao Piso
Salarial Nacional (que virou lei em 2008), o que se viu desde então foi
que os professores obtiveram ganhos acima da média dos demais
profissionais. Em 2013, último ano com dados disponíveis pelo IBGE, um
trabalhador com nível superior recebia por 40 horas semanais, em média,
39% a mais do que um professor do ensino médio e 69% a mais em
comparação com um profissional que dava aula nos anos iniciais do Ensino
Fundamental.
Um olhar mais detalhado nas estatísticas, no entanto, mostra que essa
desigualdade varia muito de acordo com o estágio do profissional na
carreira. A boa notícia neste caso é que, entre recém-formados, estamos
mais perto de equiparar os professores dos demais trabalhadores com
nível superior. Entre profissionais de 25 a 29 anos de idade, a média
salarial dos empregados em outras profissões universitárias supera em
apenas 11% a média registrada para professores do ensino médio e em 28% a
dos que dão aulas no primeiro ciclo do Ensino Fundamental.
O problema é que, a partir daí, as outras carreiras registram aumentos muito maiores à medida que o profissional vai se tornando mais experiente, e os professores vão ficando para trás. Próximo da aposentadoria, entre profissionais de 50 a 54 anos, os demais profissionais com nível superior registram, em média, salários 71% maiores do que os professores do ensino médio e 92% em comparação aos que dão aulas no primeiro ciclo do Ensino Fundamental.
Pagar melhores salários no início da carreira é fundamental para
atrair jovens talentosos para o magistério e melhorar a qualidade da
educação no longo prazo. Mas isso só não basta. Se não houver a garantia
de que ele poderá crescer na carreira, a tendência, como já acontece
hoje, é que uma parte desses profissionais procure no meio do caminho
outras profissões em busca de melhores salários.
EM TEMPO: já que o assunto é remuneração docente, uma tabela
publicada há dois meses no relatório Education at a Glance, da OCDE,
traz uma interessante constatação sobre a relação entre salários e o
desempenho dos alunos em matemática. Em países desenvolvidos, com PIB
per capita superior a US$ 20 mil, pode-se dizer que remunerações maiores
estão correlacionadas com melhores notas. O mesmo não acontece, porém,
nas demais nações, em que o PIB per capita fica abaixo deste patamar
(caso do Brasil, apesar de ele não constar nesta comparação específica).
O relatório não entra em detalhes nem aprofunda muito essa questão, mas
a suspeita da OCDE é que, para que os salários façam a diferença a
favor dos alunos, é preciso também que uma série de outros recursos de
infraestrutura da escola estejam já adequados.
Fonte: (O GLOBO, 03/11/2014)Publicado em Sexta, 07 Novembro 2014 21:44 por CNTE
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